terça-feira, 3 de dezembro de 2024

O Body Horror que me tirou tempo de vida que nunca terei de volta

 O ódio me fará superar a procrastinação 



Olá, pessoal. Se alguém estiver lendo isso, caramba, é extremamente nostálgico e reconfortante voltar. Ao mesmo tempo, meio triste, porque a cada vez que tento voltar e depois passo um ou dois anos sem nem entrar aqui, sinto que existem menos e menos blogs. Toda vez, penso que entrarei aqui um dia e todos terão sumido. Apesar disso, esse cantinho existe. E encontro conforto em pensar, ao mesmo tempo, que ninguém vai ler e que alguém VAI ler. 

Então, se você estiver lendo isso, olá. Se está, acho que é mais provável que não me conheça ainda. Ou se me conhece, mal lembra quem eu sou. Bom, eu sou a Summer, na maior parte dos anos em que passei aqui na blogosfera. Já tive alguns blogs, mas o mais marcante foi o Piece Of Paper. Volta e meia penso em voltar com o nome pelo carinho que tenho, mas gosto mais de um nome em português. Ao menos hoje em dia. Ai, as diferenças entre a Summer de 24 anos e a de 16, né? 

A ironia nisso tudo é que não, o nome não vem de Wicked. Vem do Mágico de Oz mesmo, quando coloquei esse layout acredito que nem sabia da gravação do filme ainda. Não tinha nem assistido Wicked (ou qualquer outro musical de teatro). Mas gosto ainda mais que seja assim porque amo muito Wicked hoje em dia. Mas ainda não assisti o filme, então por favor, não me deem spoiler kkk 

Bom, depois de tanto tempo, o que me fez voltar para cá? Eu queria expressar meu descontentamento com um filme que todos estavam falando sobre recentemente, mas não queria ser tão técnica e tão eloquente para falar sobre. Ao mesmo tempo, não se pode escrever muito nos stories do Instagram e não posso contar minha opinião no site de cinema que participo porque já postaram uma crítica sobre. Então, cá estamos. É claro que, como sempre, vinha namorando a ideia há um bom tempo. Mas nunca achava algo legal o suficiente para me fazer escrever uma postagem até o final. Bem, aqui está. O ódio me fará superar a procrastinação. Então apertem os cintos, hoje vamos falar mal de A Substância.

 "Espera, site de cinema?"

Bom, sim. Como eu disse, é provável que você não me conheça de antes, mas a motivo de contextualização e, também, de utilizar este espaço como um diário/linha do tempo, atualmente escrevo para um site de notícias de entretenimento. Também fazemos críticas, cobrimos eventos de cultura pop e tudo o mais. Eu sei, nada fora do comum alguém que teve blog por anos acabar trabalhando com comunicação. Mas acreditam que eu até fiquei surpresa? Não sabia que conseguiria fazer da escrita uma profissão de verdade. Além disso, pasmem, sou redatora de uma agência de marketing. Assim, a minha vida deu toda esta guinada este ano porque até a metade do ano eu era só uma garota vendendo a alma em empregos que sugavam meu espírito e não me davam estabilidade nenhuma por cinco longos anos. 

Mas enfim, este não é o tópico do post, então sejam bem-vindos de volta e vamos para o que interessa. 

É improvável que você não tenha ouvido falar de A Substância, mas caso não tenha: o filme conta a história de uma apresentadora muito famosa, com uma extensa carreira na tv, mas que é demitida por conta da idade. Se sentindo vazia, ela encontra uma solução/droga que promete criar uma versão melhor dela mesma. 

Me interessei pelo filme primeiramente por ter a Demi Moore. Segundamente, gostei do que comentaram sobre o filme ser uma crítica ao destino das mulheres na Indústria Artística depois de certa idade. E esse tema do etarismo, especialmente focado em mulheres têm sido debatido já há alguns anos, como quando a Lady Gaga disse em uma entrevista lá nos anos de 2010 que, se ela fosse um homem, poderia ter a mesma estética e o mesmo som a vida inteira e ninguém diria nada, mas que como ela é mulher, precisa ficar sempre se "reinventando". 

Taylor Swift, no último álbum, escreveu a música "Clara Bow", que fala sobre como geração após geração artistas femininas são comparadas com artistas anteriores como se fossem uma grande linha de produção, e que a cada 5 ou 10 anos iria surgir uma outra artista que irá te substituir, que é sempre mais do que você foi um dia, que é sempre "uma versão melhor" de quem veio antes. 

Tudo que este filme tentou dizer em 2 horas, Taylor Swift disse antes muito mais eloquentemente em uma música de 3 minutos. 

Tenho que dizer que todo mundo está muito bom na atuação. Mas a Demi impressiona muito mais nas cenas que não viralizaram (talvez a cena do espelho não tenha me impactado tanto porque acabei vendo nas redes sociais algumas vezes antes de realmente assistir o filme; é uma boa cena, mas não me despertou sensações urgentes além de desconforto por causa da pele sendo esfregada). Margaret também está incrível. 

E só. A atuação e a fotografia são as únicas coisas que se salvam nessa produção em que você consegue sentir que ela se acha muita coisa, mas não é muito. 

Eu achei uma premissa e um tema incríveis, mas que ao se aproximar da metade do filme, tudo o que você pensa é "meu deus, é para isso que ele está descambando?". Não sei exatamente o que esperava, mas com certeza não era isso e não foi uma boa surpresa. 

Para ser justa, vale dizer que tenho pavor de body horror. Não tenho nada particular contra este tipo de recurso, eu só tenho pavor físico mesmo. Não consigo ver filmes muito violentos porque começo a me contorcer involuntariamente quando vejo uma facada ou cortes muito nojentos. Porque parece que estão acontecendo comigo, sabe? Não sei muito bem explicar, mas é uma aflição que evito passar quando posso. Gore e slasher não são para mim. Dito isso, não é só porque é um slasher que eu vou achar ruim porque não lido bem com o gênero. E eu tinha aceitado que não veria este filme, até porque o hype já estava passando então a curiosidade não me mataria. 

Pois bem, matou. Nunca terei essas duas horas de vida de volta. Ao mesmo tempo que esse filme pareceu muito longo, pareceu também muito apressado e corrido. Não sei como ele pode subestimar TANTO a inteligência da audiência. De verdade. Toda hora um flashback de uma cena que ACABOU de acontecer, toda hora um paralelo, toda hora um close extremo num bilhetinho. De novo, de novo, e de novo. Sim, filme, já entendemos. Somos capazes de fazer essas ligações e entender alguns paralelos e diálogos entre cenas. Poxa, eu nem sou uma cinéfila cult e estava entendendo, não precisava mastigar TANTO assim certas coisas. 

E quando você acha que o filme não pode descambar mais, ele descamba. Vi algumas pessoas dizendo que ele se perdia nos últimos 20 minutos, mas para mim ele se perdeu muito antes, lá pelos 50 últimos minutos. Depois que a Elizabeth recebe o último pacote e começa a aplicação, pronto. O filme lança seu enredo para o quinto dos infernos. Tudo que acontece a partir daí parece, com o perdão da frase batidíssima, sinal claro de dívida de jogo. 

Me decepcionei porque gostei absurdamente do tema, mas sei lá, acho que com esta premissa, muitos caminhos eram possíveis e a diretora escolheu o absoluto pior deles. Ela escolheu abandonar a 'crítica social' de vez e só abraçar o grotesco pelo grotesco. É uma pena. 

A substância me provou que não é só porque o filme tem um tema bom, que automaticamente ele será bom. Meio que conquistou o meu top 1 de filmes que abomino. 

Eu espero nunca na minha vida me deparar com outro filme desse tipo. O body horror foi o menor dos problemas dele para mim. 

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